Gujo Teixeira – Querência da Alma

Querência da Alma – Gujo Teixeira

Querência é tudo o que sou
Minha vivência completa
É parte, todo e o sentido
Pra os meus olhos de poeta
São meus olhos de distância
Que me retomam à querência
Pedaço meu deste mundo
Que entendeu minha essência
A terra dos meus avós
Hoje renasce Florida
É o ciclo normal do campo
Na transcendência da vida
Querência é minha metade
Mesmo depois da partida
O pago é o mesmo aos meus olhos
Tentei olhar do meu jeito
Mas a querência tem alma
É o coração em meu peito
Querência, me sobra alma
Florindo campo e carqueja
Tens toda a força da vida
Embora a gente não veja
Com as saudades que hoje trago
Vou reformar a tapera
Resgatar minha essência
Aquilo tudo que eu era
Cada retorno é um abraço
Para esperarmos com calma
E depois nos entregarmos
Pela querência da alma

Gujo Teixeira – O Açude É Um Céu Dentro da Água (part. Gustavo Teixeira) Letra

O Açude É Um Céu Dentro da Água (part. Gustavo Teixeira) – Gujo Teixeira Letra:

De onde avisto a querência
O açude é um céu dentro d’água
Lâmina azul refletindo
Tudo o que o tempo deságua

Aprisionado em limites
Contido, longe se espelha
Pois entre as duas coxilhas
Surge uma várzea parelha

Tudo que o céu guarda em si
O açude mostra também
Menos as suas vontades
De querer ir mais além

Quando um desaba no outro
Com temporal e tormenta
Acordam as sangas por diante
Deixando a água barrenta

O açude em águas calmas
É tudo o que o céu quiser
Pois vive das suas chuvas
Ou de uma nascente qualquer

Nas margens da grama verde
O gado pasta a planura
E mata a sede das tardes
Bebendo o céu nas lonjuras

O céu se pinta em estrelas
Em águas anoitecidas
Que a Lua deixa de manso
Um risco em luz refletida

São nestas horas que a noite
Fica o olhar calmamente
O bote de uma traíra
Contra uma estrela cadente

O vento que empurra as nuvens
Faz maretas no açude
E o céu não para, espelhado
Torcendo que o tempo mude

Vão os dois pra o mesmo lado
Até chegar na vazante
O açude para nas taipas
E as nuvens seguem por diante

O açude é um céu dentro d’água
E a mesma cena ao inverso
Guardando dentro um mistério
Que existe em seu universo

Que as garças, que voam longe
Levam o céu pelas asas
Depois, devolvem ao açude
Pousando nas águas rasas

Passa tanto céu na água
E o açude segue o mesmo

Gujo Teixeira – Esses Cavalos do Mundo (part. Luiz Marenco) Letra

Esses Cavalos do Mundo (part. Luiz Marenco) – Gujo Teixeira Letra:

Esses cavalos do mundo
Que a vida amansou por conta
Ainda fazem divisas
Quando um valente os monta
Pois cruzaram tempo e terra
E a história de ponta a ponta

Desde que o mundo era mundo
Já se montava a cavalo
Os bárbaros, os gauleses
Os reis, também os vassalos
Generais e imperadores
Fizeram pátria ao montá-los

Desde os mouros e cristãos
Pelas cruzadas guerreiras
Aos pingos mansos delgados
Pelas canchas de carreiras
Que se ganha e que se perde
Nas suas patas ligeiras

Desde Alexandre guerreiro
A um Martín Fierro andarilho
De Dom Quixote em seu baio
A Bonaparte e um tordilho
Que a vida encilha cavalos
Sem nunca sair do trilho

Vai desde o gato e o mancha
Nos rumos do continente
A um crioulo de respeito
Puxando a tropa na frente
Que tem sempre um de a cavalo
Na história da nossa gente

Desde os mansos do Negrinho
A um Tobiano Capincho
A um zaino cruzando um rio
Depois que findou um bochincho
Que tem sempre um pingo bueno
Tendo um clarim no relincho

Desde Bento e Gumercindo
Nos quatro esteios firmados
Que a história conta peleias
De homens que, bem montados
Sustentaram as fronteiras
E a honra do nosso estado

Vai desde Florêncio Guerra
A Blau Nunes, um campeiro
De Gaudêncio Sete Luas
A Tio Lautério, o tropeiro
Que se vive e que se morre
Tendo um pingo por parceiro